sábado, 17 de maio de 2008

O Tempo...


Ele apareceu quando ainda não tinha muita intimidade...

O menino que tem um olho azul, outro verde se apresentou num dia de sol peneirado pelo céu pedrento e espelhado de água, prometendo me contar um segredo que faria de viver e amar um jogo menos perigoso pra mim...

Talvez vocês ainda não saibam, mas o Tempo guarda mil segredos...
E só guarda, por que sabe das coisas...

...sabe que ninguém se esconde atrás de máscaras pra sempre...
...sabe que as pessoas mentem um monte, mentem pros outros, pra si próprias, protegendo-se de amar...
...sabe que as pessoas privam-se da verdade, revestem-se de presunção, ostentação, mentindo e mentindo muito, mentiras horrorosas...

Naquele dia, olhei para o céu, os raios de luz tentaram romper a grade de nuvens...
Foi quando cheguei à conclusão de que a verdade do Menino Tempo é como a luz solar no teto pedrento e espelhado de água, prevalece...

Meu amigo, esse menino levado e paciente, estava com bermuda azul estampada com nuvens brancas...
...o Tempo...

Demos umas risadas...
(ele é debochado, sabiam?)

Contou-me de umas pessoas que estavam por passar, falou do futuro, contou das gentes que não sabem amar, ficou triste-amargo-irônico (tudojunto!)...

Alertou mais uma vez do medo, do meu, dos outros...
Falou sobre medo, das coisas espantosas que ele faz com homens e mulheres...

Mudou a voz para um tom grave, orgulhoso, falou que era meu amigo e bradou:
- “Você é livre. Vai incomodar quem não sabe muito de si, quem não quer saber, porque em geral, os outros são doentinhos, tadinhos...
Mas você é livre e quem souber beber da sua liberdade vai lhe amar.”

Eu olhei pra ele com os olhos avermelhados de maresia, lacrimejados por saber em mim a liberdade que desconfiava, e meio abestada com aquilo tudo...

- “Tenha paciência, hoje você ainda não sabe, mas eu vou lhe mostrar...
Ainda há Tempo, né?”

Tempo...
Caímos na gargalhada...


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